O Processo de Independência do Brasil
A Corte Portuguesa no Brasil e o Reinado de D. João VI
▪ Portugal,
tradicional aliado da Inglaterra, recusou-se a acatar o decreto de Napoleão e foi invadido em 1807.
▪ A família real fugiu para o Brasil e se instalou
no Rio de Janeiro. Essa transferência evitou o aprisionamento da família real,
a abdicação ao trono, como aconteceu com /Fernando VII, rei da Espanha e o
risco da perda da colônia.
▪ O governo se
preocupou em transferir os órgãos governamentais de Lisboa para o Rio
de Janeiro, primeiros passos para a independência política.
A penetração britânica no Brasil
▪ Desde a restauração (1640) quando se libertou do domínio espanhol, Portugal contava com o
apoio da Inglaterra para manter sua independência.
▪ O preço dessa proteção foi a assinatura de vários tratados comerciais lesivos aos
seus interesses, como o de Methuen (1703), por meio do qual a Inglaterra
conseguiu transferir para si o ouro de Minas Gerais.
▪ Com a vinda da
Corte para o Brasil, novamente a Inglaterra cobrou o seu preço pela proteção da
monarquia portuguesa: foram assinados os tratados de 1810.
▪ Com a assinatura
desses tratados, o Brasil ingressou definitivamente na órbita de influência inglesa.
O Reinado de D. João VI no Brasil
• Com a transferência da Corte, o Brasil praticamente deixou de
ser colônia, o pacto colonial foi abalado.
• em 28 de janeiro de 1808, a Carta Régia permitiu a abertura dos
portos a todos "os navios estrangeiros das potências que se conservem em
paz e harmonia com a minha Real Coroa".
• o Alvará de 1° de abril de 1808 revogou o de 1785, que proibia a
instalação de manufaturas no Brasil, complementando desse modo a Carta Régia de
1808 que decretava a abertura dos portos;
• em 16 de dezembro de 1815, o Brasil foi elevado à categoria de
Reino Unido a Portugal e Algarves.
• O transplante do Estado
português – chegando ao Brasil, a Corte se instalou no Rio de janeiro.
Em 11 de março de 1808 iniciou-se a reorganização do Estado, com a nomeação dos
ministros. Assim, foram sendo recriados todos os órgãos do Estado português.
• Com a vinda da Corte transformou-se a fisionomia cultural do
Brasil. Foram criados bibliotecas e estabelecimentos de ensino, criação do
Banco do Brasil, Jardim Botânico, Escola de Comércio, Escola Real de Ciência,
Artes e Ofícios, Academia Militar e da Marinha.
• A imprensa, até então proibida no Brasil, foi difundida com o
funcionamento dos primeiros prelos. Fundou-se a Imprensa Régia, responsável
pelas primeiras publicações no Brasil.
A Revolução Pernambucana de 1817
Causas: - Insatisfação popular com a chegada e funcionamento da
corte portuguesa no Brasil, e o questionamento maior era com relação a grande
quantidade de portugueses nos cargos públicos;
- Insatisfação com impostos e tributos criados no
Brasil por D. João VI a partir da chegada da corte portuguesa ao Brasil;
- Influência dos ideais iluministas, os ideais da
Revolução Francesa, “liberdade, igualdade e fraternidade”.
- Significativa crise econômica que abatia a região,
atingindo, principalmente, as camadas mais pobres da população pernambucana. A
crise era provocada, principalmente, pela queda nas exportações de açúcar,
principal produto da região;
- Fome e miséria, que foram intensificadas com a
seca que atingiu a região em 1816.
Objetivo: a
conquista da independência do Brasil em relação a Portugal, implantar um regime
republicano e elaborar uma Constituição.
Como foi a revolta - Ao saber da
organização da revolta, o governador de Pernambuco ordenou a prisão dos
envolvidos. Porém, os revoltosos resistiram e prenderam o governador. Após
dominar a cidade de Recife, os revoltosos implantaram um governo provisório.
Para conquistar o apoio popular, o governo provisório abaixou impostos,
libertou presos políticos e aumentou o salário de militares. Os rebeldes
enviaram emissários para outras províncias do norte e nordeste para derrubar os
governos e ampliar a revolução. Porém, sem apoio popular significativo, o
movimento não avançou.
Repressão do governo e fim da revolta - Preocupado com a
possibilidade de ampliação da revolta para outras províncias, D. João VI
organizou uma forte repressão militar contra os rebeldes de Pernambuco. As
tropas oficiais cercaram Recife. Os embates duraram 75 dias, resultando na
derrota dos revoltosos. Os líderes foram presos e condenados à morte.
A Política Externa
• A política externa de D. João esteve orientada contra a França
napoleônica. Em represália à invasão de Portugal, o regente ordenou a invasão
da Guiana Francesa, em 1809, permanecendo o território sob o domínio
português até 1815, no Congresso de Viena.
• Os tratados de 1810 – O tratado de Comércio e Navegação, Aliança
e amizade, assinado com a Inglaterra, impede o desenvolvimento industrial do
Brasil e deixa claro os privilégios ingleses no pagamento de impostos
alfandegários, garante o 15% para os produtos ingleses, 16% para portugueses e
24% para os demais países, Porto livre de Santa
Catarina para a Inglaterra, Portugal comprometeu-se a acabar com o tráfico
de escravos - isso era importante para os ingleses, pois assim,
existiria o trabalho assalariado e seu mercado consumidor aumentaria. Direito
de extraterritorialidade: cidadãos ingleses no império português só poderiam
ser julgados por leis, juízes e tribunais ingleses.
• Pretextando temor de intervenção francesa na região do Prata, D.
João, apoiado pela Inglaterra, interveio na região platina, pela primeira vez
em 1811 e novamente em 1816, quando então foi anexado o atual Uruguai, com o
nome de Província Cisplatina. A sua anexação foi grandemente facilitada
pelos conflitos entre as províncias interioranas da Argentina e Buenos Aires,
que ambicionava impor sua supremacia em todo o Prata, graças à sua posição
estratégica no estuário.
O Retorno de
D. João para Portugal – 26 de abril de 1821.
A Revolução do Porto exigiu o retorno do rei
para Portugal.
•Revolução do Porto
em Portugal - 1820 – (Livro p. 132-133) - movimento liberal
iniciado na cidade do Porto no dia 24 de agosto de 1820, cuja burguesia
mercantil se ressentia dos efeitos do Decreto de abertura dos Portos (1808),
que deslocara para o Brasil parte expressiva da vida económica metropolitana.
• Situação de Portugal → em 1808 foi invadido pelo exército de
Napoleão, posteriormente com a expulsão dos franceses passou a viver manipulada
pelo militar inglês Beresford. Portugal vivia uma terrível crise econômica e
com isso o descontentamento da população, déficit, fome, miséria e decadência
do comércio.
• Razões da Revolução:
▪ mesmo após a liberdade de Portugal do domínio
napoleõnico, D. João continuava no Brasil.
▪ as medidas de D. João que deram liberdade
econômica para o Brasil causou sérios prejuízos ao comércio português.
▪ esses fatores aliados a difusão das idéias
liberais na Europa desencadearam a Revolução.
Entre as suas
reivindicações:
▪ Imediato retorno da
Família Real.
▪ Constitucionalização do país.
▪Estabelecimento de uma
Monarquia Constitucional.
▪ Restauração do Pacto
colonial.
Conseqüências → A junta governativa de Lorde Beresford foi
substituída por uma junta provisória, que convocou as Cortes Gerais para
elaborar uma Constituição para Portugal e o retorno do rei.
→ D. João cedeu às pressões das cortes e partiu para Portugal em
26 de abril de 1821. Nomeou como regente do Brasil seu filho D. Pedro.
Deputados
brasileiros nas Cortes → com o triunfo da Revolução do Porto, não houve a possibilidade
de reunir uma Assembléia brasileira. Assim o decreto régio de 7 de março de
1821 estipulou a eleição de deputados brasileiros que seriam enviados às Cortes
portuguesas. Em agosto de 1821, os primeiros deputados começam a chegar a
Lisboa, todos eles da camada dominante, porém eles não tinham ainda interesses
separatistas, pois achavam que o caráter constitucional de Portugal faria o
poder senhorial se consolidar através de seus representantes nas Cortes de
Lisboa.
As medidas
tomadas pelas Cortes de Lisboa e a Independência do Brasil.
→ em relação à Inglaterra anularam-se os privilégios concedidos em
1810.
→ declararam os governos provinciais independentes do Rio de
Janeiro com o objetivo de controlar diretamente.
→ foi transferido do Brasil para Portugal todo o aparato
administrativo que dava ao Brasil a condição de sede do reino.
→ durante todo o ano de 1821, a situação do Brasil ficou
indefinida. Em 9 de dezembro chegaram dois decretos da Corte que ordenavam:
▪ imediato retorno de D. Pedro a
Portugal.
▪ obediência das províncias a Lisboa.
▪ extinção dos tribunais.
→ A decisão da Corte gerou uma inquietação no Brasil. A nova
situação favoreceu a polarização: de um lado o partido português, do outro o
partido brasileiro e os liberais radicais que passaram a agir pela
independência.
→ A estratégia escolhida pelo partido brasileiro foi a de
conquistar o príncipe regente para sua causa. O dia do fico (9 de
janeiro de 1822) simbolizou essa aliança.
→ Um passo decisivo para a emancipação foi dado por D. Pedro ao
decidir que nenhum decreto das Cortes seria aplicado no Brasil sem o seu “cumpra-se”.
→ A insistência das cortes em recolonizar o Brasil acabou forçando
a elite colonial a optar pela completa emancipação.
→ Nesse cenário agitado destacou-se a figura de José Bonifácio de
Andrada e Silva.
→ Bonifácio era membro do governo provisório de SP e em dezembro
de 1821 escreveu uma carta a D. Pedro que criticava as decisões das Cortes de
Lisboa e exaltava a importância de D. Pedro naquele momento de crise.
→ Essa carta foi publicada na Gazeta com grande repercussão. Logo
depois, o príncipe nomeou José Bonifácio (Ministro do Reino e do Estrangeiro).
→ O processo de separação foi conduzido com firmeza por essa mesma
elite, afastando qualquer tentativa de radicalização.
→ A luta pela independência ganhou a forma de conflito entre
brasileiros e portugueses ocultando as diferenças sociais entre escravos e
senhores e as semelhanças entre brasileiros e portugueses da alta camada
social. A classe dominante garante a continuidade de seus privilégios, o
latifúndio e a escravidão.
→ Até a proclamação da independência, D.
Pedro fez concessões ao liberalismo, depois caminhou para o absolutismo. No
discurso de abertura dos trabalhos da Assembleia Constituinte de 1823, mostrou
seu caráter absolutista.
→ Nosso processo de independência foi uma
exceção em relação a outros países da América Latina, que adotaram o regime
republicano, houve participação popular e a nossa é fruto da ação de um príncipe
e adotamos a monarquia como forma de governo.
A Guerra de Independência
Ainda fiéis às
autoridades de Lisboa, alguns governadores da província fizeram oposição ao
processo de independência do Brasil. Ao saber dos movimentos contrários ao seu
governo, Dom Pedro I ordenou a aquisição de navios e a contratação de
militares. A partir daí, diversas tropas foram organizadas com o objetivo de
consolidar os territórios e a supremacia política do novo país.
Lutas: na Bahia, Maranhão, Piauí, Pará, Cisplatina. D. Pedro
reuniu efetivos de sua confiança, militares portugueses, brasileiros e
mercenários para combater os revoltosos e garantir a unidade territorial.
O Reconhecimento
da Independência.
▪ Os EUA (Doutrina Monroe) foram os primeiros
a reconhecer a independência.
▪ Portugal não aceitou de imediato a nossa
independência e para reconhecer a Independência exigiu 2 milhões de libras
esterlinas para quitar dívidas com a Inglaterra e o direito de D. João usar o
título perpétuo de Imperador do Brasil. A Inglaterra financiou ao Brasil "recém-independente" a
compensação financeira exigida por Portugal.
▪ A Inglaterra apoiou a independência devido
a seu interesse no mercado brasileiro e exigiu a renovação do Tratado de
Comércio e Navegação e a promessa do Brasil extinguir o tráfico de escravos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário