quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Queda do Império e Proclamação da República

·   As transformações da sociedade. A partir de 1850, com a abolição do tráfico, iniciava-se no Brasil um processo de profunda transformação econômica e social. Podemos enumerar alguns dados que a comprovam:
·     O abolicionismo, e a libertação dos escravos, fizeram o governo perder apoio dos fazendeiros. Além disso, alguns problemas envolvendo a Igreja Católica abalaram as relações entre esta instituição e o imperador.
·   O sistema monárquico não correspondia mais aos anseios da população e às necessidades sociais que estava em processo. Um sistema em que houvesse mais liberdades econômicas, mais democracia e menos autoritarismo era desejado por grande parte da população urbana do país.
·    Crise e desgaste da Monarquia - Forte interferência de D. Pedro II nas questões religiosas, que provocou atritos com a Igreja Católica.
·  Censura imposta pelo regime monárquico aos militares. O descontentamento dos militares brasileiros também ocorria em função dos rumores de corrupção existentes na corte.
·  Classe média e profissional liberais desejava mais liberdade política, por isso muitos aderiram ao movimento republicano, que defendia o fim da Monarquia e implantação da República.
·   O ponto de partida do movimento republicano situou-se no lançamento do Manifesto Republicano em 1870.
·   O movimento para instalar o regime republicano, no Brasil, ganhava cada vez mais força, inspirado em países vizinhos. O regime imperial passou a ser considerado ultrapassado.
·     O exército adquiriu muito prestígio depois da Guerra do Paraguai, e exigia maior participação nas decisões políticas.
·     Falta de apoio da elite agrária ao regime monárquico, pois seus integrantes queriam mais poder político.
·     Outro fator da queda da monarquia foi o federalismo.
·     Fortalecimento do movimento republicano, principalmente nas grandes cidades do Sudeste.
·     Os Partidos Republicanos do Rio de janeiro e de São Paulo pediram a intervenção militar, e o Exército se mostrou sensível ao apelo. No dia 11 de novembro, líderes republicanos reuniram-se com o marechal Deodoro da Fonseca, pedindo-lhe que liderasse o movimento para depor a monarquia. Estavam presentes Rui Barbosa, Benjamin Constant, Aristides Lobo, Bocaiúva, Glicério e o coronel Solon. Deodoro aceitou a proposta. No dia 15 de novembro de 1889, a República foi final­mente proclamada.  

Questão Social

O Fim da Escravidão
·         A mão de obra escrava utilizada durante séculos no país, começou a ser cada vez mais questionada, a partir do Segundo Reinado.
·         Isto porque o modelo capitalista e industrial que iniciou na Europa, e aos poucos veio para o Brasil, era incompatível com o escravismo.
·         Assim, a Inglaterra passou a pressionar pelo fim do tráfico de escravos na América, visando investimento em seus produtos industrializados.
·         omissão do discurso no parlamento, “política de avestruz”
·         Em 1845, os ingleses assinaram a Lei Bill Aberdeen , que proibia o comércio de escravos entre a África e a América, autorizando a marinha inglesa a apresar navios negreiros brasileiros em alto mar.
·         Em 1850, foi assinado, no Brasil, a Lei Eusébio de Queiróz , que proibia o tráfico de escravos no país. O capital proveniente do fim do tráfico e o protecionismo alfandegário garantido pela tarifa Alves Branco, contribuíram para o desenvolvimento industrial.
·         Foi com o fim da Guerra do Paraguai , em 1870, que os esforços pelo fim da escravidão se intensificaram.
·         Com a pressão internacional e dos abolicionistas, o governo brasileiro foi cedendo, através da criação de leis, como:
o    1- Lei do Ventre Livre ou Lei do Visconde do Rio Branco: criada em 1871, declarou livres os filhos de mulher escrava nascidos a partir da aprovação da lei.
o    2- Lei do Sexagenário ou Lei Saraiva Cotegipe: criada em 1885, declarou livres os escravos que chegassem aos 65 anos de idade.
o    3- Lei Áurea: criada em 1888, declarou livres todos os escravos.
·         Vale ressaltar que, apesar da liberdade aparente, não foi dado aos escravos condições para se integrar à sociedade brasileira.
A Imigração
·         Os imigrantes, em grande parte europeus, vieram para substituir a mão de obra escrava.
·         Boa parte tentava fugir do desemprego, buscando, no Brasil, melhores condições de vida, outros foram seduzidos pelas propostas de parcerias dos cafeicultores.
·         Conhecida como Sistema de Parceria, os cafeicultores propunham custear o transporte dos imigrantes europeus até suas fazendas e estes, por sua vez, pagariam os fazendeiros com trabalho.
·         Este sistema, no geral, não obteve sucesso, em razão dos elevados juros cobrados sobre as dívidas assumidas pelos imigrantes, e também dos maus tratos sofridos por eles.
A lei de Terras (1850)
1.      Regulava a forma de aquisição de terras devolutas, por compras. Na Colônia - concessão de sesmarias.
2.      Os fazendeiros garantiram seus privilégios de proprietários.
O Colonato
1.      Regime de trabalho do imigrante – recebiam um pagamento proporcional aos pés de café e na colheita um pagamento variável, conforme a produção.
2.      Os colonos podiam cultivar produtos de subsistência, geralmente nos cafezais novos, daí o interesse pelas frentes pioneiras.

Política Externa

As Questões Platinas
O interesse do Brasil na região platina era garantir o direito da navegação pelo rio da Prata (único caminho para a província de Mato Grosso); impedir que vaqueiros uruguaios invadissem as fronteiras brasileiras e atacassem fazendas gaúchas; impedir que a argentina anexasse o Uruguai formando um só país. Esses interesses levaram o Brasil a fazer guerra contra Oribe do Uruguai, Rosas da Argentina e Aguirre do Uruguai. Desde o Período Colonial, portugueses e espanhóis disputavam o domínio sobre a área.
Guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai foi um conflito militar que ocorreu na América do Sul, entre os anos de 1864 e 1870. Nesta guerra o Paraguai lutou conta a Tríplice Aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai.
Causa principal:
- Pretensões de Francisco Solano Lopes de conquistar terras na região da Bacia do Prata. O objetivo do Paraguai era obter uma saída para o Oceano Atlântico. O Paraguai disputa do Chaco com a Argentina a livre navegação do rio Paraguai e reivindicação do território entre os rios Branco e Apa pelo Brasil. O Brasil defendia a livre navegação na bacia platina.
Início e desenvolvimento do conflito:
- A guerra teve início em novembro de 1864, quando o navio brasileiro Marquês de Olinda, foi aprisionado pelos paraguaios no rio Paraguai.
- Em dezembro de 1864, o Paraguai invadiu o Mato Grosso.
- No começo de 1865, as tropas paraguaias invadiram Corrientes (Argentina) e logo em seguida o Rio Grande do Sul.
- Em 1 de maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai selam um acordo para enfrentar o Paraguai. Contam com a ajuda da Inglaterra.
- Paraguai – 77 mil combatentes; Argentina - 6 mil; Brasil – 18 mil; Uruguai – 3 mil.
- Em 11 de junho de 1865 ocorreu um dos principais enfrentamentos da guerra, a Batalha de Riachuelo. (Almirante Barroso) A vitória brasileira neste enfrentamento naval foi determinante para a derrota do Paraguai.
- Setembro de 65 – rendição de Uruguaiana .
- Em abril de 1866 ocorreu a invasão do Paraguai.
- Comandante- em- chefe: Bartolomeu Mitre; no Brasil General Luís Osório; no Uruguai Venâncio Flores. - Força naval do Brasil: Almirante Tamandaré.
- Plano dos aliados: fortaleza de Humaitá. - Maio de 66 – batalha de Tuiuti.
- Setembro de 66 – derrota em Curupaiti. - Julho de 68 – vitória em Humaitá.
- Dezembrada: Itororó, Avaí, Lomas Valentinas, rendição de Angostura.
- Em 1869, sob a liderança de Duque de Caxias, os militares brasileiros chegam a Assunção.
- A guerra terminou em 1870 com a morte de Francisco Solano Lopes em Cerro Cora - comando do Conde d’Eu.

Recrutamento militar
- O Brasil tinha um exército mal organizado e pouco numeroso, tentou mobilizar a Guarda nacional e fez recrutamento forçado e voluntário.
- Impopularidade da guerra: gastos, escassez de mão de obra na agricultura, desvalorização da moeda, resistência em órgão da imprensa como Jornal do Comércio e Opinião Liberal.
- Liberdade aos escravos que fossem voluntários; tornaram-se alvo de discriminação por comporem o quadro do Exército.
Dificuldades:
- Falta de preparo, terreno pantanoso, inexistência de mapas, falta de equipamento militar e higiene.
Saldo e Conseqüências da Guerra:
- Nesta guerra morreram cerca de 300 mil pessoas (civis e militares);
- A indústria paraguaia foi destruída e a economia ficou totalmente comprometida;
- O prejuízo financeiro para o Brasil, com os gastos de guerra, foi extremamente elevado e acabou por prejudicar a economia brasileira.
- A Inglaterra, que apoiou a Tríplice Aliança, aumentou sua influência na região.
- Morte em decorrência de combates, fome, esgotamento físico e doenças.
- Paraguai – metade de sua população morreu, não foi alcançado o livre acesso ao mar, foi o grande derrotado, perdeu os territórios em litígio, devastou a economia, desequilíbrio demográfico.
- Uruguai – 3 mil mortos, os conflitos internos permaneceram
- Argentina - 18 mil mortos, benefício para os pecuaristas, os portenhos e o governo com impostos.
- Brasil – 50 mil combatentes, existência de um inimigo externo fortaleceu a unidade nacional, custos de 614 mil contos de réis, (em um ano era de 57 mil). Em 1940 foi perdoada a dívida. A guerra abalou os fundamentos do império, fortaleceu o Exército. O Exército brasileiro ficou mais forte e começou a simpatizar com a causa republicana e a manifestar-se contra a escravidão.
Questão Christie incidente diplomático entre Brasil e Inglaterra
O navio britânico Prince of Wales naufragou no Rio Grande do Sul e teve a sua mercadoria roubada. Christie exigiu indenização do governo brasileiro. Em 1862, um grupo de oficiais da marinha inglesa foi preso por cometer uma arruaça no Rio de Janeiro. Christie exigiu punição aos brasileiros e ainda que embarcações inglesas apreendessem cinco navios brasileiros que estavam ancorados na Baia de Guanabara. Visando solucionar o caso, Dom Pedro II convocou o rei da Bélgica, Leopoldo I, para arbitrar a questão e devolveu o dinheiro referente ao roubo das cargas. O monarca belga decidiu em favor dos brasileiros. Sem obter resposta da Inglaterra, o Brasil acabou rompendo relações com a Coroa Britânica. O problema só chegou ao fim em 1865, quando os ingleses reconheceram seu comportamento intransigente.