Ø
Foi um curto
período que se estende da renúncia de D. Pedro I (1831), ao golpe da maioridade
(1840).
Ø
Características:
·
Maior turbulência
política e social da nossa história;
·
Momento em que as
camadas populares tentaram participar da vida política;
·
Revoltas geradas
pelas contradições da elite, classe média e classe popular.
·
Revoltas
populares;
·
Agitação
política;
·
Organizaram-se
três correntes políticas:
§
Liberais
Moderados – antiabsolutistas, mas monarquistas, lutavam pela unidade
territorial, queriam manter a escravidão e a ordem social. (unitarista)
§
Liberais
Exaltados – lutavam pela descentralização do poder (federalismo). Muitos
defendiam o fim da monarquia e a proclamação da República.
§
Restauradores –
lutavam pela volta de D. Pedro I ao poder. Defendiam um regime absolutista e
centralizador.
Ø
Divisão do
Período
Ø Regência Trina Provisória
·
Brigadeiro
Francisco de Lima e Silva, Nicolau pereira de Campos Vergueiro e José carneiro
de Campos.
·
Suspensão
provisória do Poder Moderador.
·
Proibição de
criar novos impostos.
·
Proibição de
dissolver a Câmara de Deputados.
·
Governar o país
até a eleição da Regência Trina Permanente.
·
Medidas tomadas:
reintegração do Ministério Brasileiro, promulgação de uma lei restringindo as
atribuições do Poder Moderador, anistia aos presos políticos.
Ø Regência Trina Permanente
§ João Bráulio Muniz, José da Costa Carvalho, Francisco
de Lima e Silva.
§
Representava os
interesses dos Liberais Moderados.
§
A figura de
grande destaque foi o padre Diogo Antônio Feijó, nomeado para o cargo de
ministro da Justiça.
- Criação
da Guarda Nacional (1831).
§ Feijó criou a Guarda Nacional, cujo objetivo era
reprimir as constantes manifestações sociais.
- Redução
do Exército e da Marinha.
- Subordinada
ao Ministério da Justiça e organizada por distrito.
- Comando:
“coronéis” (patente
vendida ou eleita entre os chamados “cidadãos ativos” – eleitores).
- Defesa
de interesses pessoais dos grandes fazendeiros.
- Criação
do Código de Processo Criminal
(1832):
- Autoridade
judiciária e policial (nos municípios) aos “juízes de paz”, eleito entre os grandes proprietários.
- Autonomia
jurídica aos municípios.
- Ato Adicional de 1834:
- Reforma
na Constitucional de 1824, feita pela Assembleia Legislativa para
proporcionar autonomia política e administrativa para as províncias.
- RJ
= O Rio de Janeiro seria transformado em município neutro, sede do
governo, cuja capital seria Niterói.
§ Seriam criadas, nas províncias, as assembleias
Legislativas com poderes para elaborar leis referentes às questões locais.
Extinguem-se os Conselhos Provinciais.
- Substituição
da Regência Trina por Regência Una.
- Suspensão
o Poder Moderador e o Conselho de Estado até o fim da Regência.
§ O Ato Adicional foi considerado importante marco do
avanço liberal. Alguns conservadores o chamavam de “código da anarquia”, porque
concedia maior autonomia às províncias.
Ø Regência Una de Feijó.
§ Várias revoltas pelo país (Cabanagem, Sabinada e
Revolução Farroupilha).
§ Divisão nos Liberais Moderados
§ Progressistas (Liberais): classe média urbana, alguns proprietários
rurais e alguns membros do clero. Favoráveis a Feijó e ao Ato Adicional. A
favor do Ato Adicional
§ Regressistas (Conservadores): maioria dos grandes proprietários,
grandes comerciantes e burocratas. Centralizadores e contrários ao Ato
Adicional.
§
Sofreu forte
oposição dos regressistas que o acusava de ser incapaz de impor a ordem no
país.
§
Com a saúde
abalada resolveu renunciar.
Ø Regência de Araújo Lima
§
Criou o
Ministério das Capacidades.
§
Regressistas no
poder.
§
Retorno da
centralização monárquica.
§
Seu governo
caracterizou-se pela violenta repressão às revoltas.
§
Lei
Interpretativa do Ato Adicional – limita a autonomia dos municípios e promove
uma nova centralização do poder político - anulação prática do Ato Adicional.
§
Passou a
prevalecer dois partidos políticos: o partido Liberal e o partido Conservador.
§
Reformou-se o
Código de Processo Criminal – substituiu os juízes eleitos nos municípios por
delegados nomeados pela regência.
§ Fundação do “Clube da Maioridade” (1840):
§ Grupo Progressista (ou Liberais).
§ Antecipação da maioridade de D. Pedro II.
§ Imperador = paz interna.
§ “Golpe da Maioridade” – articulado pelo Partido Liberal.
§ Fim do período regencial.
- Revolta dos Malês (BA 1835):
o
Revolta de
escravos islâmicos (alfabetizados que liam o Alcorão). No mínimo 100 pessoas
foram massacrados.
o
O plano era
libertar Salvador e se apoderar do Recôncavo.
o
Líderes: Ahuma,
Pacífico Licutan, Luís Sanim, Manoel Calafate, Dadará, Nicobé e Dassalu.
o
Denunciados, os
rebeldes foram descobertos e perseguidos.
- Cabanagem (PA/AM 1835 – 1840):
- Ampla participação popular (índios, negros,
mestiços, escravos ou livres, porém, todos sem posses). Viviam em
precárias condições de vida e de trabalho decorrentes de uma economia
baseada na exploração das drogas do sertão e na pesca.
·
Luta contra
desigualdades.
·
Sem programa
político definido.
·
Chegaram a tomar
o pode, mas, foram traídos (Antônio Malcher, Francisco Vinagre e Eduardo
Angelim).
·
Por ser a mais
popular das revoltas, foi a mais severamente reprimida (30 mil mortos ou 25% da
população total da Província).
- Os cabanos (índios destribalizados, negros
escravos e mestiços), - Os exaltados instigaram o povo na luta contra a
excessiva centralização política que deu ao movimento um caráter popular.
Seus líderes, Francisco Pedro Vinagre e depois, Eduardo Angelim que
radicalizou o movimento, tomaram o poder fuzilando as autoridades locais.
- A repressão que se abateu ao movimento pelas
tropas imperiais e por forças da Guarda Nacional fez 30 mil mortos num
total de 100 mil habitantes.
- Cabe destacar que a Revolta teve início na
Regência de Feijó e perdurou por toda a Regência de Araújo Lima.
- Sabinada (BA – 1837 – 1838):
o
Liderada pelo
médico Francisco Sabino e com ampla participação popular, a Sabinada era
contrária à Lei de Rendas, alegando representar ela a "ação
recolonizadora" do Rio de Janeiro. Propunha a criação da República Baiense
até a maioridade de D. Pedro.
o
Dificuldades
econômicas da Província (causa principal) e recrutamento forçado para lutar
contra os Farrapos no sul (causa imediata).
o
Objetivo:
República Provisória até a maioridade de D. Pedro II.
o
Adesão da classe
média urbana. Os conflitos entre os interesses agrários (apoiavam o governo
central) e os urbanos foram expressos também nas ações dos revoltosos: nos
quatro meses no poder, confiscaram bens, alforriaram escravos que se alistassem
na luta.
o
Líderes presos ou
mortos e expulsos da Bahia. Foram reprimidos pela Guarda Nacional e pelas
forças regenciais, resultando em mil mortos e três mil feridos.
- Balaiada (MA 1838 – 1841):
o
Os principais
líderes foram o negro Cosme (o Cara Preta) e o negro Balaio (Manuel dos Anjos
Ferreira), com a participação do Quilombo de Cumbe, os revoltosos ocuparam
vilas e quase chegaram a São Luiz. Com divisões internas, o movimento que
atingiu também o Piauí, foi reprimido pelo futuro Duque de Caxias (nessa época,
Coronel).
o
Causas: pobreza generalizada: concorrência com
algodão dos EUA, privilégios de latifundiários e comerciantes portugueses. A
Revolta teve início com as disputas entre Exaltados (bem-te-vi) e os
Restauradores, em função da formação da Guarda Nacional. Ganhou adesão das
camadas populares inicialmente, em função do alistamento obrigatório (de
vaqueiros, agregados, feitores, artesãos e escravos) e, com o tempo, em função
da miséria e do declínio das lavouras de algodão e do comércio local
(artesanato).
o
Vinganças
pessoais (sem projeto político).
o
Desunião entre participantes.
o
Manipulados e
traídos pelos liberais locais (“bem-te-vis”).
o A Revolta foi pacificada por Luís Alves de Lima e Silva (futuro
Duque de Caxias - o Pacificador).
- Revolução Farroupilha ou Guerra dos
Farrapos (RS 1835 – 1845):
- A mais elitista e
longa de todas as revoltas.
- Principais
lideranças (estancieiros): Bento
Gonçalves (maior líder), Davi Canabarro, Guiuseppe Garibaldi.
- Causas:
- Altos impostos
sobre o charque gaúcho, reação à criação de impostos de 15% sobre o
couro e o charque produzidos na região do Rio Grande do Sul, pelo
Governo Central;
- Baixos impostos
de importação sobre o charque platino (Argentina e Uruguai) O problema é
que a produção argentina não era tributada e concorria com a produção
local;
- Nomeação do
Presidente de Província (governador) pelo Rio de Janeiro, contrário aos
interesses gaúchos.
- A
Revolta era elitista, movida pelos estancieiros gaúchos liderados por
Bento Gonçalves (exaltado), fundou a República de Piratini, jurando
fidelidade ao Imperador menino, mas não à centralização política. Bento Gonçalves
ganhou o apoio do liberal italiano Giuseppe Garibaldi que fundou em Santa
Catarina, a República Juliana. Proclamação da República do Piratini, ou República Rio-Grandense (RS, a
partir de 1835) e da República
Juliana (SC, de julho-novembro de 1839).
- Experiência de
combate (guerras fronteiriças) e recursos econômicos para manter a guerra
(elite provincial).
- Não houve
unanimidade: Porto Alegre apoiou
o governo central, bem como áreas de colonização germânica ou
ligadas ao comércio com a capital.
- O
movimento teve duração aproximada de 10 anos e, com sucessivas vitórias
do pelo Barão de Caxias (representando o Governo Central), acordos que
acabaram com o imposto de 15% foram assinados e a anistia se estendeu a
todos os revoltosos. Acordo encerra conflito em 1845: “Paz de Ponche Verde”
- Anistia dos
envolvidos gaúchos;
- Incorporação dos
farrapos no exército nacional;
- Permissão para
escolher o Presidente de Província;
- Devolução de
terras confiscadas na guerra;
- Proteção ao
charque gaúcho da concorrência externa;
- Libertação dos
escravos envolvidos (?);
- “Surpresa de Porongos”
(traição aos negros – 14/11/1844)